Nove horas e o transito já fervilhava lá fora.
Monica, olhava pela janela e mal respirava observando aquele homem em pé diante do prédio.
Havia chegado há 5 minutos, parecia aguardar o ponteiro bater nove horas, pois, olhava insistentemente no relógio.
Moreno, cerca de 1 metro e oitenta, havia chegado com um jovem rapaz, que de repente sumiu para dentro do prédio.
Monica continua observando da janela do 4º andar aquele homem que parecia tão bonito.
De repente uma voz:
- Dra. Monica?
Era o jovem que viu chegar com o homem lá embaixo.
- Sim, quem pergunta?
- Desculpe, meu nome é Jorge, sou assessor do Sr. Wilson Monterey, ele nos aguarda em frente ao prédio.
- Mas já!!?? Ah..! Desculpe Jorge.. Ah... sim.. o Sr. Wilson Monterey...um momento.!
Monica atrapalhada se afasta da janela, abre a gaveta, pega um pacote com varios documentos e sai acompanhando o rapaz.
Ambos descem o elevador em silencio.
Monica foi pega de surpresa, não esperava que seu compromisso chegasse tão cedo. Além de que não gostava de ser supreendida, ainda, mais quando estava tão absorta observando tão distraidamente um homem que nem imaginava estar aguardando por ela.
Como iria imagina que aquele homem que lhe chamou a atenção, seria o esposo de sua cliente.
Sentia-se desarmada.
Chegando ao saguão do prédio visualizou novamente aquele homem. Agora de perto. Era como parecia do 4.º andar. Alto, moreno, feições fortes, pele bonita.
- Bom dia Dra. Monica. Perdoe chegar cedo, mas, o transito a esta hora é ruim e hoje promete ficar pior, já que amanhã é feriado e outros compromissos apertaram a minha agenda. Não se importa de resolvermos esta questão agora? Tem algum compromisso?
- Bom dia Sr. Wilson. Não tenho compromissos hoje. Não há problema algum para mim, nem mesmo quanto a audiencia, pois como é consensual, pode ser realizada a partir das 10:00 hs, o contratempo se dá somente quanto a sua esposa, pois, marcamos o compromisso para que se dê próximo ao horário de almoço dela, a fim de evitar problemas no trabalho, não sei se ela concordará com o adianto da hora, de toda forma trouxe a minuta do divórcio para o senhor analisar e assinar.
- Ok. Já falei com Marli e ela esta nos aguardará.
Monica entrou no carro e se sentia ainda estranha, intimidada. Tentou relaxar enquanto Wilson lia a minuta.
- Dra. Monica, posso chama-la de Monica?
- É claro! - respondeu ela.
- Os itens estão conforme o pré-estabelecido, entretanto, tenho duvidas quanto as despesas e os procedimentos das doações descritas na partilha, bem como ao registro dos bens, e suas consequencias.
Monica foi explicando todas as formalidades, e a cada palavra sentia-se cada vez mais desconfortavel, pois, sentia os olhos dele pousado ora em sua boca, ora em seus joelhos.
Conhecia a fama de galanteador, pensou estar preparada para conhece-lo, não imaginava que aqueles olhares a constrangeria de forma tão contundente.
Ficou aliviada quando o carro parou em frente ao forum.
Marli já os esperava em frente ao Fórum. Seguiram para a sala dos advogados onde após analisar o documento, ambos assinaram e os tres seguiram para o corredor em frente a sala de audiencias.
Monica se encarregou das formalidades junto ao cartorio e em pouco mais de 30 minutos o Sr. e a Sra. Monterey já estavam legalmente divorciados.
Monica respirava aliviada.
Na saída do átrio, quando se despedia do ex-casal, Wilson convida as duas para almoçarem, momento em que Marli agradece, mas, precisava retornar ao trabalho, entretanto, pediu que Monica o acompanhasse, assim, aproveitam para acertar os honorários.
Mais uma vez Monica ficou desconfortavel. Agradece com um sorriso tremulo e adentra novamente ao carro junto com o elegante cliente em direção ao restaurante designado a Jorge.
No carro, Wilson parece ainda mais encantador. Durante o trajeto falou sobre flores que gostava de cultivar, perguntou qual Monica mais gostava, ao que respondeu serem as Tulipas.
Parecia que ele estava querendo mostrar sua sensibilidade a ela, que só não tomou como um flerte, pois, ja estava demasiadamente nervosa com a presença tão próxima daquele homem.
Mal o carro estacionou em frente ao restaurante e Wilson já estava de pé ofertando a mão .
Monica ao descer do carro, se viu obrigada a aceitar a mão estendida. Nervosa, sentiu o calor emitido pela fortes mãos e braços que a seguraram quando desastrosamente enganchou o salto no vão do estribo do carro.
O destino parecia haver reservado o dia para deixar a moça sem ar.
Monica agradeceu e se desculpou tentando se livrar do braço dele que insistiu em segurar-lhe até o momento em que chegaram dentro do restaurante.
-Voce está bem agora?
Monica limitou-se a sorrir.
Durante a refeição falaram sobre o honorários, combinando o dia seguinte para o pagamento no escritório dela.
Monica, a pedido de Wilson, entregou um cartão com seu telefone e endereço comercial e seguiram de volta ao escritório dela.
Até chegar lá, Wilson parecia a vontade, rindo solto sobre pequenos comentarios engraçados.
Seus olhos brilhavam quando falou de seu trabalho e de uma viagem a Europa, o que o tornava mais bonito.
Em frente ao prédio, ao se despedir, abraçou-a como uma velha amiga, fazendo soar o beijo estalado em sua bochecha, o que a enrubeceu.
Ela sabia que a partir daquele dia não conseguiria mais exigir uma postura formal, mesmo assi, apertou-lhe a mão formalmente, a lembra-lhe que tinham somente uma relação profissional.
- Meio-dia, porque é que eu não marquei um determinado horário?
Já havia mais de uma hora que Monica encontrava-se inquieta, levantando-se todo momento, espiando pela janela a frente do prédio.
-Será que ele virá?
-Está falando comigo Dra. Monica? - responde Malu, a secretaria
- Não Malu, perdoe, estou pensando alto.
- Posso ajudar em alguma coisa? respondeu Malu
- Não.. Não.. só me diga, alguém ligou antes da minha chegada?
Com a negativa, Monica ficou ainda mais inquieta.
Olhou mais uma vez no relógio, o estomago denuncia o horário do almoço.
Resolveu sair para almoçar pedindo a secretaria que transferisse as ligações para o celular dela, pois, havia uma ligação importante que ela não queria deixar de atender.
Não especificou qual a ligação para evitar comentários.
Desceu impacientementeos de elevador os quatro andares que a separavam do andar térreo.
Quando a porta do elevador se abriu no Hall do prédio, na sua frente estava, num lindo terno preto, com um discreto, mas, formoso ramalhete de flores, Wilson, que sorriu ao ve-la.
- Ola Monica - disse Wilson.
E completou:
- Como voce está linda! Para combinar com voce trouxe estas lindas tulipas.
Monica surpresa não sabia o que dizer. Só a cor de seu rosto denunciava seus sentimentos.
Pegou o ramalhete e pediu que o recepcionista encaminhasse ao escritório dela para que a secretaria colocasse em um vaso.
-Perdoe se aturdi voce. Disse ele.
- Pensei ligar avisando que a esperava aqui no saguão, mas, certamente não veria voce tão espontaneamente rosada como agora. Esta cor a deixou mais linda.
Sem esperar resposta guiou-a para fora do prédio enlaçando-lhe o braço.
Caminhou silenciosamente ao seu lado por cerca de duas quadras, quando Monica, como que saindo de um torpo, perguntou para onde se dirigiam.
- Ah...! vamos ao FRED`s, voce conhece? É um lugar muito bonito, alí na outra quadra.
- Este restaurante possui uma cozinha excepcional e é de um excelente atendimento.
Monica estava espantada.
Como um homem que conheceu ontem poderia dominar toda uma situação envolvendo-a desse jeito, justamente ela que não permitia impessoalidade nem com os parentes.
Durante a refeição Wilson conversava com Monica sempre de forma descontraida, ela ao contrário estava tensa.
No final da refeição Wilson pergunta se ela alguma vez sentiu por alguém algo como ela estava sentindo agora.
Surpreendida com a pergunta Monica engasga e com uma sacudida derruba o copo de bebida sobre a mesa que escorre sobre a camisa de Wilson e respinga sobre sua saia.
Com tamanha confusão, trata de pegar sua bolsa, vai em direção ao toalete, olha para traz vê Wilson atrapalhado tentando limpar a camisa, quando Monica, ainda chocada, sai do restaurante sem que ele perceba e vai embora.
- Que ousadia!!! - retruca ela com um soco no ar.
-Quem ele pensa que é?? - resmunga
Monica resolveu tirar o resto do dia de folga, temendo ir ao escritório e acabar por encontrá-lo.
Desligou o celular e foi para casa.
Uma semana ja havia se passado após o infeliz episódio.
Cada vez que o telefone tocava Monica ficava em estado de alerta.
- Dra Monica?
- Fale Malu - disse ela com ar de distração, escondendo o nervosismo.
- A Sra. Marli ao telefone.
Monica sentou um calafrio.
- Passe a ligação - disse Marli.
Antes de atender, respirou fundo para espantar o nervosismo.
- Dra. Monica? aqui é Marli, como vai?
- Vou bem, obrigada. Que prazer falar com voce Marli - respondeu Monica
- Estou ligando a pedido de Wilson. Ele disse que até o momento não acertou os seus honorários, pois, a Dra. o abandonou no restaurante, sem dizer nada, e disse mais, disse que sua secretaria insiste em dizer que não está e seu celular parece estar sempre desligado.
Monica fica em breve silencio, procurando uma resposta plausivel.
- Desculpe Marli, foi uma tremenda confusão. O Sr. Wilson marcou o dia seguinte a audiencia para acertarmos os honorários durante o almoço. No almoço, engasguei e desastradamente derrubei a bebida sobre a mesa, molhei toda minha roupa e indo ao toallete, me dei conta que estava em cima da hora de uma audiencia, precisava me trocar, não havia tempo, então sai correndo, troquei-me no escritório e corri em direção ao Tribunal para a audiencia que se alongou até o fim do dia.
No dia seguinte fui para o interior, pois, tenho uma parceria em outro escritório. Retornei agora pela manhã.
- Ah..! Entendo. Então posso pedir para Wilson telefonar e marcar para acertar seus honorários.
- Não se preocupe Marli. Minha secretaria já esta em contato com o escritório do Sr. Wilson para fazer o acerto. Agradeço sua atenção.
Malu olhava para Monica assombrada.
Assim que desligou o telefone Monica disse a Malu:
- Nem toda verdade é benevolente.
- Dra. Monica, mas e quanto aos seus honorários?
- As vezes é melhor perder, ou deixar de ganhar, economizamos.
Mal o dia havia terminado e Malu anunciava uma nova ligação de Marli.
- Dra. Monica. Desculpe incomodar novamente, mas, a Dra. poderia tomar um café comigo no final da tarde? Marli, sabe o que é...
Marli interrompe dizendo não aceitaria um não como resposta.
Eram 18:30 hs quando Monica sentada em uma mesa do Café Brasil na calçada da avenida Paulista quando avistou Marli. Levantou o braço acenando quando percebeu ao lado de Marli, Wilson.
Uma mistura de raiva e surpresa embranqueceram sua face.
- Nossa Monica! Voce esta branca,disse Marli.
- Desculpe, posso chamar voce de Monica?
- Claro.. claro.. Sentem-se.
Boa tarde Wilson.
- Boa tarde Monica.
- Monica, Wilson resolveu vir junto quando disse que havia marcado um café com voce.
- Sem problema - respondeu Monica.
Marli continuou dizendo:
- Wilson havia falado a mim sobre o episódio do restaurante, falou sobre os honorários, mas, foi reticente. Como senti que havia algo errado, pois, conheço voce pela sua benevolencia e preocupação com seus clientes e amigos, estranheir que havia saido do restaurante sem nada dizer, então, liguei para voce para ver se descobria alguma coisa, mas, fiquei ainda mais intrigada ainda com sua resposta.
Então, logo após desligar o telefone, resolvi apertar Wilson, quando descobri que ele havia sido deselegante com voce e por isso marquei este café para me desculpar pelos modos de Wilson. Entretanto, ao comunicar a ele o que iria fazer, ele mesmo resolveu vir se desculpar.
- Ah... não se preocupem está tudo bem.- Disse Monica
Wilson, que até o momento não havia dito uma só palavra, olhou para Monica e disse:
- Perdoe Monica. Sou um brincalhão. Minha fama não faz jus as minhas intenções. Meus galanteios são inocentes. Falo do fundo do meu coração.
Monica não sabia o que dizer.
Sorriu e levantou a xicara como em um brinde.
- Brindemos a saude e as resoluções.
Encerrar o assunto sem ter que discuti-lo,era especialidade de Monica.
Após brindarem, Monica estendeu a mão apertando a mão de Wilson e se desculpou dizendo que tinha um cliente para atender, pedindo que assim que ele pudesse ligasse para marcar um horario "no escritório" para acertarem os honorarios.
(continua...)
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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