sexta-feira, 29 de maio de 2009

represa ou banhado, praia
casa de pau a pique, palácio
feijão com farinha, banquete

É a felicidade que uns não ousam sentir.
É a vantagem do desprendimento.
É liberdade!
Saltei de uma ambiente a outro à velocidade que as palavras foram surgindo. A medida que meus ouvidos captavam-na minha mente feito um flash-back me levou as profundas aguas daquele rio, imediatamente minha respiração pareceu retroceder a ofegante agonia dos malditos minutos que pareciam horas.
Estremeci.
Andrea havia avisado que a leitura da mensagem mediunica requereria de mim preparo, não imaginei o quanto.
As palavras de minha mulher, que morreu afogada que há alguns meses, me levaram de volta ao momento do afogamento. Olho para os lados e só vejo água, não respiro, minha mente parece dominada. Me debato procurando um apoio. Como será que consegui me salvar naquele dia.
A pergunta parece latejar na minha cabeça.
Porque preciso saber disso?
Tento lembrar, mas as águas parecem fogo na minha garganta. Tudo arde dentro de mim.
Como consegui me salvar e Helena morreu? Como?
Mais uma vez tento respirar. Engasgo, as aguas inundam meu pulmão. Me debato para emergir, tento fugir deste transe. Tento lembrar.
Lembrei!
Respiro fundo. O ar parece ter voltado aos meu pulmões.
Lembrei!
Eu morri naquele dia.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

lamentos de um morto apaixonado

famintos sonhos de amor e de beleza d'alma
fulguras teu reflexo nos olhos de perdurante flor
levanta alma querida e levas meu canto de dor
foges da tristeza elameanta da morte,
pois és vida, lirio em cor, abre-te petala querida,
sorrias à vida, óh meu amor!

A angustia da morte, lágrimas de dor
foges da triste lamentação
pois teu interior de flor tão querida
segue vida pulsante ante o destino
que reserva-te o mundo nada sombrio
acordas, sorria, óh minha vida!

Encontrei a tristeza da distancia
dos braços queridos e do teu amor
mas tua singela face lacrimosa
me arranca lembranças dos sorrisos de outrora
óh alma querida, minha adorada
porque tens medo, porque choras?

quão longe ainda segue esta distancia
e de um grande amor tornarei lembrança
não detenhas os lampejos da vida
pór teu amor que seguiu na morte
revive na distancia óh alma querida
te amando agora muito mais forte.

Suzana Martins
1998

segunda-feira, 11 de maio de 2009


todo mundo diz que tem, mas, basta estar atrasado em dia de trafego intenso, tomado pelo nervosismo com a alta conta de cartão de crédito, irritado com o celular que acabou de espatifar no chão, ou após os gritos da ex-mulher porque a pensão atrasou, que a gente esquece o que é fé.

Uns acreditam que fé é juntar as mãos e orar
outros acham que acendendo velas possuem fé
tem que vá a missa para ouvir o padre declamar as lindas lições do Cristo
pois assim provam a si mesmo que possuem fé


É acreditar. É crer no bem acima de tudo.
A fé não precisa de identidade, nome, rosto ou religião
Fé é crer que as dificuldade são pontes para um bem maior
Fé é saber que vai vencer.
O onibus se move em direção ao destino
Entra pela porta traseira o cego com uma criança
mal inicia a falação a convencer os passageiros a doar uma moeda
uma velha com um bebe no colo passa colocando um pacote de bala
com o intuido de vende-lo.
Cena típica e diaria nas tristes ruas de São Paulo
A mendicancia é a maior das escolas é o comércio sem o produto
Comprar o pacote de bala é manter o comércio clandestino
sem qualidade, sem tributo
O interessante é o velho motorista alheio a tudo e
conivente na manutenção do tipico cenário
qualquer um pode ser ambulante ou pedinte no trafego de São Paulo
não se cobra passagem. sequer há fiscalização
e saem o cego e a velha após angariarem alguns trocados
Amanhã em horário diferente ou em outra linha
lá estarão eles no comércio clandestino
financiados pelas companhias de onibus de São Paulo

domingo, 3 de maio de 2009

boca

boca,
porta do sussurro ao grito
emanação do sorriso e da dor
sem o lastro do equilibrio
é desatino, é desamor

insustentavel féu de ciume
o miseravel traduz o amor
na voz do ilustre artista
é pranto, é alegria, é fervor

o orador se faz ouvido no céu
do politico se ouve o clamor
a boca da mãe que chama o menino
no medo da morte, grita o horror

da boca é malicia
com beijo e calor
a gota que traz vida
a vacina, a comida, louvor

a boca afirma e nega
canta e grita
sauda e condena
a boca é vida.

        Parece que recebi um soco na cabeça, busco equilibrar a sensação, controlando minha voz. Meus pés formigam à vontade de mover-lhes e...