Hoje a caminho de uma audiencia observava no vagão uma moça gravida negando o gesto fraterno de um senhor que teimava dar-lhe o lugar embora ela não quisesse aceitar.
Minhas costelas reagiram à visão daquela enorme barriga, como a lembrar-se das sensações de outrora. Não que fossem dores horriveis, mas, uma sensação as vezes incomoda e ao mesmo tempo reconfortante, na verdade uma mistura enorme de sentimentos e sensações, uma felicidade as vezes dolorida, pelos pequenos empurroões nas costelas e no corpo, refletidos sob a pele.
É a espantosa mãe natureza que faz vida, permitindo um corpo gerar outro corpo.
Sensações que não se pode medir, tudo envolto na ansiedade de saber o resultado final: menino ou menina?
É uma época maravilhosa de se viver. É o tempo de ser o centro das atenções entre amigos e familiares, das conversas sobre o bebe, enxoval, escolha de nomes. É o tempo que pessoas estranhas voltam-se com o olhar terno e ao mesmo tempo respeitoso.
Um tempo em que o corpo e os sentimentos se transformam e se moldam à chegada do pequeno ser.
Um tempo que não se acaba, mas, que se transforma e se guarda, para de tempos e tempos ser lembrado, enternecendo-nos mais uma vez.