quarta-feira, 30 de abril de 2008

Atmosfera pesada. Uma dor no centro do peito. A cabeça parece vibrar. Nada disso pode ser mensurado, somente os olhos inchados denunciam a profunda tristeza que abate a mulher inconsolável.
Ela não quer perdoar, quem dera pudesse não fazê-lo, mas uma cândida religiosa, a dor parecia-lhe maior ainda.
É fácil compreender que os jovens são criaturas, ainda, sem os dotes do discernimento, dotados com vitalidade de egoísmo e impulsividade, saem esbravejando suas inquietações cortejando desatinos sem ao menos raciocinar e medir as consequências de atos tão hostis, entretanto, se é tão fácil compreender nem tão fácil assim é aceitar.
Ela levantou o rosto ferido. O gelo que utilizara para impedir o inchasso e o arrocheado na pele, agora escorria entre seus dedos. Precisava sair daquele topor.
A moça saira para sempre de sua vida. Não. Melhor dizendo saira de sua casa. Com ela foram-se dias de amor, carinho, amizade, para o nada. Não há como impedir de vê-la novamente, é filha de seu grande amor. Não há como evitar que se encontrem. Não consegue raciocinar o que será do futuro, pois tudo ainda dói muito. A pior dor, é verdade, estava na alma. A injustiça é instrumento que corta ao meio e a menina acabara de ferir profundamente quem só doou, jamais pediu.
A mulher enxugou o rosto e as mãos. Escolheu o feijão que já estava sobre a mesa. Colocou-o para cozinhar. Jogou fora as sementes impuras e desatou a chorar novamente.
Entre lagrimas recebe um abraço, seu marido, seu grande amor, apesar de abatido, tenta consolar-lhe.
Ele a beija. Todo medo do futuro, agora desaparece, pois o amor não fora embora com a injustiça.

        Parece que recebi um soco na cabeça, busco equilibrar a sensação, controlando minha voz. Meus pés formigam à vontade de mover-lhes e...